MULTI-MULTI
Instalação com duas peças de 17m. Mangueira heliflex PVC-plástico verde oliva e azul metálico, passadeira de gongólio, câmara de ar Goodyear, mangueira cristal transparente contendo limalha de ferro.
1981 – Rodovia dos Bandeirantes. Fotografia de Antonio Saggese.
1982 – Três Paulistas no MAM. Curadoria de Frederico Morais. MAM-RJ.
Marco do Valle coloca suas esculturas bem rentes ao chão, às vezes, como em trabalhos anteriores, empregando rodinhas para que possam rastejar ou se deslocar sobre o piso, como um caramujo carregando sua própria casa. Suas obras, portanto, são vistas do alto ou, como descreve o próprio artista: “o trabalho aqui exposto, que foi pensado em planta, ou seja, visto de cima e no centro da simetria, quando é montado no chão, faz com que mude o ponto de vista do observador que, ao olhar a peça de um dos extremos, não a vê proporcionalmente simétrica e sim deformada, em perspectiva. O olho, nos extremos, soma: no centro, se divide, subtrai, vendo cada vez uma parte simétrica da peça”.
(Frederico Morais – “Três Paulistas no MAM/RJ”, 1982)
Um trabalho mal resolvido, inexato, em que o espaço físico construído do trabalho ao passar pelo filtro das limitações construtivas possíveis sofre alterações que somam junto à intenção inicial outras não previstas pelo projeto, de controle preciso impossível.
O espaço do trabalho está dividido em duas partes: uma fixa e outra móvel. A peça ao ser montada no entorno-estrada soma a própria estrada para o espaço do trabalho. Esta não é a única possibilidade pensada pelo trabalho, mas sim sua parte móvel.
O que separa o espaço do trabalho do entorno?
Parece simples quando penso que posso transportar a peça e deixar a estrada, ou até mesmo colocá-la em outro entorno. Neste caso este é que se somaria ao espaço do trabalho.
(Marco do Valle, “Multi = Multi”, Revista Arte em São Paulo, 1981)