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VASO DE PERFUME / LA PORTEUSE DE PARFUM

marco do valle / victor brecheret

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Instalação. Vaso com haste metálica eletricamente aquecida e perfume Tabu.

A identificação profissional com os pressupostos da produção de um dado artista merece uma especial atenção, como é o caso de Marco do Valle e Victor Brecheret partindo de uma escultura geometrizada e caracteristicamente “art déco”, do mestre do modernismo, Marco realizou um “zoom” de aproximação sobre a peça, fixando-se num de seus pormenores e impregnando-o da cor, aparência e essência ao gosto daqueles anos 20, tornando seu objeto preto, brilhante e exalando a essência do perfume Tabu.


(Maria Cecília Lourenço França – “Projeto Releitura”, 1984)

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O que se tem no saguão do velho prédio é um trabalho analítico brilhante de Marco do Valle – artista jovem que já anda bem à frente dos conceitos tradicionais de “escultor” – e que demonstra, isso sim, um agudo sentido de síntese histórica e estética.
A interpretação da famosa La Porteuse de Parfum, de Brecheret, o grande nu feminino que carrega um pote ovalado no mais autêntico estilo art déco, é um ensaio solidário, humorado e fraterno, que se coloca de maneira paralela à criação do começo do século. Rejeitando o pedestal e a imagem narrativa tradicional, Marco do Valle depositou no chão uma réplica negra do objeto de atenção da escultura de Brecheret, ou seja, o pote de perfume. Um objeto que ele não apenas tirou do contexto, mas adotou literalmente da função sugerida originalmente pelo artista de Viterbo, autor do mais forte ponto de referência da cidade, o Monumento às Bandeiras.
O trabalho do Marco do Valle dista do minimalismo da mesma forma que a escultura de Brecheret está longe do cubismo, futurismo e construtivismo, tendências contemporâneas de sua época – o estilo é seu sinal de identificação, existência e embate. A sua luta, a despeito dos anos que a separam, é a mesma, diante do radicalismo, de um lado, e do tradicionalismo, de outro.


(Sheila Leirner – “Marco do Valle Revisita Arte e Pensa o Presente” – “Arte e Seu Tempo”, 1990)

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