GAIOLA DE FARADAY
Instalação multimídia.
1997 – Precursor e Pioneiros Contemporâneos. Curadoria de Daniela Bousso. Paço das Artes.
1998 – 1ª Mostra do Programa de Exposições. Centro Cultural São Paulo, Prefeitura de São Paulo e Secretaria Municipal de Cultura.
1998 – Centro Cultural Jorge Zanatta, Fundação Cultural de Criciúma.
Somos contemporâneos de um momento de reinvenção da relação arte tecnologia, em que a hibridação entre arte, ciência e pensamento produz novos paradoxos e questões. Relação que não é nova, mas que sem dúvida é problematizada de forma aguda no contexto atual, em que a arte busca uma revitalização e acha nas tecnologias emergentes um campo de experimentação. (…) Nos anos 70 fazer vídeo era descobrir o vídeo (Nam June Paik, Bill Viola), mas a videoarte só tema real impulso nos anos 80 (Viola, Garry Hill, Zbigniew Rybcynski). O vídeo experimental – a idéia do vídeo autor (Arthur Omar, Éder Santos, Marco do Valle, Walter Silveira, Paulo Laurentiz) – passa a ser reconhecido como domínio “impuro”; em que imagens de diferentes origens, grafismos, sons, corpos, narrativas, performances se combinam, numa fusão de campos e mídias. (…) Nas vídeoinstalações, a relação entre ambiente e dramaturgia, imagem e interação, jogos estéticos, ressurge revitalizada, jogos em que o espectador é inserido no processo de criação da obra e onde as idéias ganham demonstrações visuais: dispositivos tecno-estéticos.O desejo de “isolar”; ou configurar o espaço, construir campos de influência, imersão, captura do espectador/público marca as video instalações apresentadas aqui: “gaiolas”, “quartinhos” ou containers, espaços paradoxais e de imersão que capturam o espectador (Marco do Valle, Walter Silveira, Ronaldo Kiel). É possível construir campos de isolamento, de neutralização, no mundo das comunicações e das imagens? Invasão dos corpos por micro câmeras cirúrgicas e imagens pornográficas que se dão ao olhar do outro. A “Gaiola de Faraday”; (cuja função científica é isolar ondas eletromagnéticas) torna-se um dispositivo ético-estético trabalhando o isolamento e a invasão, o obsceno das imagens na cultura comunicacional.
(Ivana Bentes – “Do Paleocibernético ao Biotecnológico” – Precursor e Pioneiros Contemporâneos, Paço das Artes, 1997)